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Guerra do Afeganistão de 2001

Guerra do Afeganistão de 2001 foi um conflito iniciado quando os Estados Unidos invadiram o Afeganistão com o objetivo de derrubar o Talibã e a Al-Qaeda.

Soldados durante a Guerra do Afeganistão.
A Guerra do Afeganistão se iniciou, em 2001, com a invasão do país por tropas norte-americanas.[1]
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A Guerra do Afeganistão de 2001 foi um conflito que se iniciou no mês de outubro do referido ano. Iniciou-se com a invasão do Afeganistão por tropas norte-americanas como resposta aos atentados de 11 de setembro que os EUA tinham sofrido. Esse conflito se estendeu por 20 anos e resultou em um grande fracasso norte-americano.

Leia mais: Oriente Médio — região caracterizada pelos inúmeros conflitos territoriais e geopolíticos

Tópicos deste artigo

Resumo sobre Guerra do Afeganistão de 2001

  • Foi um conflito iniciado com a invasão do Afeganistão pelos Estados Unidos.

  • Os objetivos da invasão norte-americana eram derrubar o Talibã do poder e destruir a Al-Qaeda.

  • A invasão se deu em resposta aos atentados de 11 de setembro.

  • Os Estados Unidos tentaram construir um Estado estável no Afeganistão, mas fracassaram.

  • A guerra se tornou impopular nos Estados Unidos, que foram forçados a retirar as tropas do país. O Talibã retomou o poder afegão em agosto de 2021.

O que foi a Guerra do Afeganistão de 2001?

Esse conflito, como o próprio nome sugere, foi iniciado em outubro de 2001, consistindo em uma campanha militar liderada pelos Estados Unidos contra o Afeganistão. Essa campanha foi uma represália aos atentados de 11 de setembro, organizados pela Al-Qaeda e que resultaram na morte de quase três mil pessoas.

Conforme veremos, o objetivo dessa guerra era destituir o Talibã do poder do Afeganistão e destruir a Al-Qaeda, aprisionando os principais nomes desse grupo terrorista. Os objetivos imediatos foram alcançados, mas, no longo prazo, os Estados Unidos não conseguiram realizar tudo que havia sido proposto para o Afeganistão.

Esse conflito se estendeu por 20 anos e só foi encerrado em agosto de 2021, quando as tropas norte-americanas deixaram o Afeganistão. A longa ocupação fez desse um dos conflitos mais longos da história norte-americana, e mais de três mil soldados do país morreram em operação. A saída das tropas norte-americanas do Afeganistão resultou no retorno do Talibã ao poder.

  • Videoaula sobre Guerra do Afeganistão de 1979 à atualidade

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Entendendo o Talibã

A Guerra do Afeganistão de 2001 é impossível de ser compreendida se não soubermos quem é o Talibã, uma organização fundamentalista islâmica que surgiu na fronteira do Afeganistão com o Paquistão, no começo da década de 1990, quando aquele país estava mergulhado em uma guerra civil.

O Talibã surgiu com ideais fundamentalistas e desejava impor um governo que defendesse uma interpretação radical dos princípios do islamismo. Em 1996, o Talibã conquistou Cabul e, com isso, estabeleceu um governo no Afeganistão. O governo do Talibã foi autoritário e ficou marcado por diversas violações dos Direitos Humanos.

Homens foram proibidos de fazer a barba, mulheres eram obrigadas a usar a burca e foram proibidas de trabalhar e estudar. Os opositores foram violentamente perseguidos, e o governo  impunha uma série de castigos muito violentos. Havia também a execução de pessoas em público. Nesse primeiro momento, o governo do Talibã só tinha o reconhecimento de três nações.

Confira no nosso podcast: O Talibã e seu retorno ao poder do Afeganistão

Conhecendo a Al-Qaeda

Durante os anos em que o Talibã esteve no poder do Afeganistão, outro grupo fundamentalista islâmico se estabeleceu no país: a Al-Qaeda. Essa organização também surgiu na fronteira do Afeganistão com o Paquistão, só que na década de 1980, quando da invasão soviética ao Afeganistão.

A Al-Qaeda teve como um de seus fundadores o saudita Osama bin Laden, que tinha sido um mujahidin na luta contra os soviéticos. A Al-Qaeda se colocou como uma organização que rejeitava a influência da cultura ocidental e passou a defender que a sua interpretação radical do islamismo fosse levada para outros locais do planeta.

No Afeganistão, a Al-Qaeda montou uma série de bases para treinamento de terroristas, e, a partir de 1998, deu início a ações contra os Estados Unidos, como o atentado às embaixadas norte-americanas na Tanzânia e no Quênia. Essas ações eram entendidas pelo grupo como uma manifestação da jihad — a guerra santa em defesa do islamismo no planeta.

  • Videoaula sobre o que é a Al-Qaeda


Atentados de 11 de setembro

Horizonte de Nova Iorque com o World Trade Center visto de NJ
As Torres Gêmeas, como era conhecido o World Trade Center, foram destruídas nos atentados de 11 de setembro de 2001.

A ação mais ousada da Al-Qaeda contra os Estados Unidos se deu no dia 11 de setembro de 2001. Na ocasião, 19 terroristas dessa organização sequestraram quatro aviões comerciais que partiram de diferentes cidades da costa leste dos EUA. Os aviões foram transformados em armas e lançados contra alvos específicos e de grande simbolismo.

  • Dois aviões foram lançados sobre as duas torres do World Trade Center, em Nova York;

  • Um avião foi lançado sobre o Pentágono, em Washington;

  • Um avião supostamente seria lançado sobre o Capitólio, em Washington, mas caiu em um local de mata na Pensilvânia.

O saldo desse atentado terrorista foi de 2996 mortos, incluindo os 19 terroristas. Especialistas apontam para o fato de que a inteligência norte-americana falhou em identificar o risco que a Al-Qaeda representava aos Estados Unidos e falhou em evitar que os atentados acontecessem. Caso queira saber mais sobre esse evento traumático para o Ocidente, leia o texto: Atentados de 11 de setembro.

Início da Guerra do Afeganistão

George W. Bush, presidente norte-americano durante a Guerra do Afeganistão.
A Guerra do Afeganistão foi uma das fases da Guerra ao Terror, criada no governo de George W. Bush.[2]

Logo depois do ataque, o serviço de inteligência norte-americana, a CIA, iniciou as investigações e concluiu que o ataque provavelmente tinha sido realizado pela Al-Qaeda. A suspeita logo foi confirmada pela Al-Qaeda, e isso movimentou os Estados Unidos a responderem ao maior ataque em seu território desde Pearl Harbor.

Os Estados Unidos eram governados na época pelo presidente George W. Bush, e a resposta do governo Bush foi criar a Global War on Terrorism, conhecida em português como Guerra ao Terror. Com base nessa ideia de combater o terrorismo no planeta, os Estados Unidos decidiram iniciar uma campanha militar contra o Afeganistão.

Entretanto, isso só aconteceu porque o Talibã, o regime que abrigava a Al-Qaeda no Afeganistão,  recusou-se a destruir as bases da Al-Qaeda, assim como a entregar lideranças dessa organização, como Osama bin Laden. A negativa fez com que os objetivos dos Estados Unidos se tornassem:

  • Derrubar o Talibã do poder e impedir que ele apoiasse novas organizações terroristas.

  • Destruir a Al-Qaeda e prender suas lideranças.

A atuação dos Estados Unidos aconteceu à revelia da ONU, e a intervenção norte-americana, portanto, não tinha o apoio dessa organização. Os Estados Unidos se aliaram com a Aliança do Norte, um grupo de oposição ao Talibã no Afeganistão, e, em outubro, começaram a posicionar tropas no país, além de iniciar bombardeios contra instalações do Talibã e da Al-Qaeda.

Dessa forma, as forças do Talibã se desorganizaram, ficando impossível defender o país das tropas norte-americanas. Com o desmantelamento do governo Talibã, lideranças importantes desse grupo e da Al-Qaeda fugiram do Afeganistão ou se esconderam nas montanhas do país.

Em dezembro, o governo Talibã foi derrubado, e, com isso, os Estados Unidos deram início à formação de um novo governo no Afeganistão, nomeando Hamid Karzai para governá-lo interinamente. Além disso, a ONU autorizou o envio de forças de defesa para sustentar o novo governo que surgia no Afeganistão, e o objetivo disso era impedir o retorno do Talibã.

Uma vez derrubado o Talibã, a ideia era garantir a estabilidade do Afeganistão por meio de novos governos democráticos. Visando à construção de um Estado estável, foi promulgada no Afeganistão uma nova Constituição em 2004. O Talibã, nesse momento, estava em posição de notório enfraquecimento.

Entretanto, esse enfraquecimento foi gradualmente superado, e, a partir do final de 2003, as operações do Talibã no Afeganistão aumentaram, sobretudo por meio de ataques militares e terroristas. Isso forçou os Estados Unidos a aumentarem a quantidade de tropas no país. O desgaste que o conflito passou a causar fortaleceu a ideia de retirada das tropas do Afeganistão a partir de 2006.

Apesar do sucesso imediato dos Estados Unidos em derrubar o Talibã e enfraquecer a Al-Qaeda, a Guerra ao Terror passou a sofrer profundas críticas, sobretudo quando tropas norte-americanas foram enviadas ao Iraque para invadirem o país sob a falsa alegação de que o regime de Saddam Hussein possuía armas de destruição em massa.

Acesse também: Guerra Irã-Iraque e o apoio norte-americano a Saddam Hussein

Derrota norte-americana

Os anos se passaram e a Guerra do Afeganistão se tornou um conflito bastante impopular nos Estados Unidos. O país gastava uma quantidade de dinheiro exorbitante, e a morte de cidadãos norte-americanos na ocupação se tornou cada vez mais questionada. Por fim, a partir de 2014, o Talibã passou por um fortalecimento que o tornou um problema real.

Durante o governo de Donald Trump, foram negociados termos entre os Estados Unidos e o Talibã para a retirada das tropas norte-americanas. Nesse momento, o Talibã já controlava algumas regiões do interior do Afeganistão, embora locais importantes, como Cabul, ainda estivessem nas mãos do governo afegão, representado pelo presidente Ashraf Ghani.

Em 2021, durante o governo de Joe Biden, foi anunciado que as tropas norte-americanas seriam retiradas do país ao final do mês de agosto. Isso motivou uma grande campanha militar do Talibã, que expandiu seu controle por todo o país, incluindo Cabul, conquistada em 15 de agosto. O presidente Ashraf Ghani, após isso, fugiu do país.

Isso marcou a derrota definitiva dos Estados Unidos no conflito, pois, após 20 anos de ocupação no território afegão, suas forças foram incapazes de formar um Estado estável no Afeganistão e ainda viram o país cair novamente nas mãos do Talibã.

Créditos de imagens

[1] timsimages.uk e Shutterstock

[2] Joseph August e Shutterstock

Escritor do artigo
Escrito por: Daniel Neves Silva Formado em História pela Universidade Estadual de Goiás (UEG) e especialista em História e Narrativas Audiovisuais pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Atua como professor de História desde 2010.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SILVA, Daniel Neves. "Guerra do Afeganistão de 2001"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/guerras/guerra-afeganistao.htm. Acesso em 19 de março de 2024.

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