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Guerra da Chechênia

A Guerra da Chechênia foi a resposta armada da Rússia contra a ação separatista da Chechênia. Dois conflitos ocorreram entre a Rússia e a Chechênia no final do século XX.

Prédios destruídos em Grózni durante a Guerra da Chechênia.
Prédios destruídos em Grózni durante a Guerra da Chechênia.
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A Guerra da Chechênia foi o conflito travado pela Rússia contra uma república separatista, a Chechênia. A Primeira Guerra da Chechênia aconteceu entre os anos de 1995 e 1996, e a Segunda Guerra da Chechênia aconteceu entre os anos de 1999 e 2000. O governo russo atuou para derrotar a tentativa de separação da Chechênia.

Esse conflito foi consequência direta do desmembramento da União Soviética em 1991. A falta de estabilidade política e de instituições fortes, o desejo de manter a integridade territorial por parte do governo russo e a propagação de ideais separatistas contribuíram para o início dessa guerra. Por meio desse conflito, Vladimir Putin conquistou prestígio na política russa.

Lei também: Crimeia — afinal, por que Ucrânia e Rússia disputam esse território?

Tópicos deste artigo

Resumo sobre a Guerra da Chechênia

  • A Guerra da Chechênia foi o conjunto de conflitos ocorridos entre Rússia e Chechênia no final do século XX.

  • Esses conflitos foram motivados pelo movimento de independência que se estabeleceu na Chechênia com o fim da União Soviética.

  • Houve dois conflitos, o primeiro travado entre os anos de 1995 e 1996 e o segundo, entre 1999 e 2000.

  • A cidade de Grózni, capital da Chechênia, foi duramente atacada em ambos.

  • A Segunda Guerra da Chechênia contribuiu para dar popularidade a Vladimir Putin na Rússia.

Contexto histórico da Guerra da Chechênia

A Guerra da Chechênia teve sua origem no desmembramento da União Soviética, evento que ocorreu no final de 1991. Com o desmembramento da União Soviética, 15 novas nações surgiram, das quais a maior era a Rússia. A década de 1990 foi um período de grandes dificuldades para a Rússia, por conta das adaptações que foram necessárias à sua nova realidade.

O desmembramento soviético fez com que a economia russa ficasse totalmente desregulada, até porque o país saiu de uma economia planificada para uma economia que se baseou no livre comércio e em princípios do neoliberalismo, princípios econômicos muito fortes nas nações capitalistas desta década. Assim, a arrecadação do Estado caiu bastante, e a economia russa passou por anos de crise.

A população russa empobreceu, pois houve redução de salários, os serviços foram precarizados, a inflação disparou etc. Além disso, a formação de um novo governo central e o desmembramento soviético abriu um precedente para que outros povos buscassem sua independência. Um desses povos eram os chechenos, povo originário do Cáucaso, sul do território russo.

A questão do separatismo foi muito importante para a Rússia no começo da década de 1990, devido à grande diversidade étnica do país. Apesar de 80% da população da Rússia ser de russos étnicos, algumas minorias estavam agitadas, buscando garantir sua autodeterminação.

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Independência da Chechênia

Com a dissolução da União Soviética, Boris Iéltsin foi eleito para a presidência da Rússia e encontrou um país em colapso. Uma das questões das quais ele teve de tratar foi o separatismo checheno. Para lidar com o separatismo das repúblicas que formavam a Rússia, Iéltsin assinou um tratado com a maioria dos estados russos, garantindo-lhes autonomia política em relação ao governo central.

A Chechênia e o Tartaristão foram dois estados que se recusaram a assinar esse acordo. O governo checheno recusou-se a assinar o documento, apesar da pressão realizada pelo governo russo para conseguir um acordo. Isso porque desde 1991 estava em curso na Chechênia um movimento separatista liderado por um militar chamado Dzhokhar Dudaiev.

No mesmo ano, Dudaiev foi eleito presidente checheno, e um governo de fato se estabeleceu na Chechênia. Nos meses seguintes, uma Constituição foi adotada e um Parlamento foi eleito. Em 1993, a Chechênia declarou sua independência da Rússia e do governo de Moscou, nomeando-se como República Chechena da Ichkéria.

Saiba mais: Conflitos no Leste Europeu — a busca dos povos minoritários por independência e reconhecimento

Causas da Guerra da Chechênia

O separatismo checheno foi o que causou a Guerra da Chechênia, em 1994, mas o conflito se iniciou porque a Rússia respondeu militarmente à tentativa chechena de se separar. Em outras palavras, houve um esforço realizado pelo governo russo para garantir a integridade de seu território, provavelmente temeroso de que o caso checheno fosse um perigoso precedente para demais movimentos separatistas.

Em geral, outras causas desse conflito são a instabilidade política da Rússia e o vácuo institucional que existiu após o desmembramento da União Soviética, a reação militar russa ao separatismo e a transição caótica da Rússia para um sistema teoricamente democrático após a queda do regime socialista.

Primeira Guerra da Chechênia

Entre os anos de 1993 e 1994, a tensão entre a Chechênia e o governo russo aumentou consideravelmente, e a violência contra não chechenos na república separatista disparou. Em 11 de dezembro de 1994, foi iniciado pelo governo russo um grande ataque contra Grózni, capital da Chechênia.

Esse conflito ficou marcado pelo alto número de civis mortos e se estendeu por 20 meses, nos quais o exército russo demonstrou ser incapaz de concretizar uma vitória sobre os chechenos. A incapacidade russa de derrotar os chechenos deu início a longos ataques aéreos contra Grózni. As tentativas russas de entrar na capital chechena fizeram com que a cidade fosse conquistada em 6 de março de 1995.

Estima-se que os ataques contra Grózni tenham causado a morte de mais de 30 mil civis, incluindo milhares de crianças. A violência do ataque russo fez dessa uma guerra impopular, tanto na Rússia quanto fora dela. A Rússia ainda sofreu com contra-ataques de guerrilheiros chechenos e com pequenos atentados promovidos por chechenos na Rússia.

A impopularidade do conflito afetou até a convocação e o alistamento de soldados para o exército russo, uma vez que muitos jovens de minorias étnicas passaram a recusar se apresentarem. O desmonte do exército russo após o fim da União Soviética também contribuiu para essa fuga dos alistados. Muitos dos alistados subornavam as autoridades para serem dispensados.

O desgaste do exército russo nesse conflito, uma vez que tropas chechenas continuaram com os ataques, os incessantes ataques promovidos pelas guerrilhas chechenas, além da grande quantidade de civis russos e chechenos mortos fizeram com que o governo russo negociasse um acordo de paz. Em agosto de 1996, foi assinado o Acordo de Khasavyurt, determinando que as tropas russas abandonassem a Chechênia até o fim daquele ano. Estima-se que 100 mil pessoas morreram nesse conflito.

Veja também: Grupos terroristas e guerrilhas armadas — qual a diferença?

Segunda Guerra da Chechênia

Soldados russos durante a Segunda Guerra da Chechênia. [1]
Soldados russos durante a Segunda Guerra da Chechênia. [1]

Durante a Primeira Guerra da Chechênia, o presidente do país, Dzokhar Dudaiev, foi morto por um ataque aéreo russo, sendo sucedido por Aslan Makhadov, que assumiu em janeiro de 1997, quando o conflito já havia se encerrado. Um acordo de paz entre russos e chechenos foi formalizado em maio de 1997. A Chechênia conquistou certa autonomia, mas não teve sua independência reconhecida pela Rússia.

A guerra havia deixado a Chechênia em uma situação caótica, e uma série de grupos rebeldes, muitos de fundamentalistas islâmicos, se estabeleceu no país, realizando crimes pela região e nos estados vizinhos. Além disso, esses grupos eram radicalmente separatistas, o que contribuiu para aumentar a tensão com o governo russo.

Uma série de atentados foi realizada por terroristas chechenos, e considera-se que esse novo conflito se iniciou por conta de ataques terroristas realizados por rebeldes chechenos contra apartamentos em Moscou e por conta de pequenos conflitos que aconteciam na fronteira da Chechênia com o Daguestão.

Em setembro de 1999, se iniciou a Segunda Guerra da Chechênia, e, desta vez, o conflito foi amplamente apoiado pela população russa. O início desse conflito foi uma decisão conjunta tomada por Boris Iéltsin, presidente russo, e por Vladimir Putin, primeiro-ministro. Vladimir Putin comandou diretamente o esforço de guerra na Chechênia e viu sua popularidade disparar, sendo eleito presidente no ano seguinte.

A cidade de Grózni foi violentamente atacada, e a força do ataque russo fez com que, em maio de 2000, Vladimir Putin anunciasse que o governo de Moscou restauraria o comando sobre a Chechênia. A situação na Chechênia foi parcialmente resolvida com a subida de Ramzan Kadyrov para o comando da região, em 2007. Mesmo assim, as guerrilhas rebeldes ainda atuam na região, embora o controle russo na Chechênia seja considerável atualmente.

Créditos da imagem:

[1] Northfoto e Shutterstock

 

Por Daniel Neves Silva
Professor de História

Escritor do artigo
Escrito por: Daniel Neves Silva Formado em História pela Universidade Estadual de Goiás (UEG) e especialista em História e Narrativas Audiovisuais pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Atua como professor de História desde 2010.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SILVA, Daniel Neves. "Guerra da Chechênia"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/guerras/guerra-chechenia.htm. Acesso em 29 de março de 2024.

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