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O conflito que, de fato, constituiu o início da Primeira Guerra Mundial foi a Batalha de Liège, na Bélgica. Essa batalha demonstrou o poder de fogo do moderno exército alemão e bravura da resistência belga que, a despeito da desvantagem em relação ao exército inimigo, resistiu durante doze dias, defendendo a cidade que deu nome à batalha. Essa batalha durou de 4 a 16 de agosto de 1914.
Tudo começou com o conhecido atentado terrorista que resultou na morte do herdeiro do trono da Áustria-Hungria, Francisco Ferdinando, na cidade de Sarajevo. Após esse episódio, Alemanha e Áustria-Hungria, sua aliada, procuraram colocar em execução o plano do conde Alfred Von Schlieffen, elaborado já em 1905, que previa um ataque germânico à França e à Rússia, de modo rápido e preciso. Um dos objetivos era a destruição do projeto de construção da Grande Sérvia e toda a estratégia pan-eslavista defendida pelo Império Russo.
Contudo, para o que plano desse certo, o exército germânico precisava atingir a França marchando, primeiramente, através da Bélgica e de Luxemburgo. Inicialmente, os germânicos acreditaram que poderiam passar pelo território belga sem enfrentar resistência, apenas firmando um acordo. Mas isso não aconteceu, e do dia 3 para o dia 4 de agosto de 1914 duas frentes alemãs penetraram o território belga, lideradas pelos generais Moltke e Alexandre Von Kluck. Era o início da “guerra de movimento”, como mostra o pesquisador Luiz de Alencar Araripe:
“Sob a liderança de seu bravo rei Alberto I, não apenas o exército, mas todo o povo belga resistiu à invasão. Atiradores fustigaram os alemães por toda a parte, e estes empregaram a artilharia pesada, os gigantescos morteiros de 420 mm, para neutralizar resistências. Bombardearam cidades e aldeias, do que resultou grande número de civis mortos, feridos e desabrigados. Não atingindo o objetivo, tomaram e fuzilaram reféns. Procedimento brutal, reconheceu Moltke em carta ao general Von Hötzendorf; 'mas estamos lutando por nossa sobrevivência e todos quantos se oponham em nosso caminho terrão de sofrer as consequências', justificou.” [1]
Os alemães concentraram fogo na cidade fortificada de Liège, base estratégica da defesa belga, em virtude dos fortes que circundavam a cidade. A resistência belga ainda conseguir provocar sensíveis baixas no exército germânico. De 58 mil soldados, ao menos 20 mil morreram. Nessa batalha, várias armas consideradas muito modernas à época foram utilizadas pela Alemanha, desde canhões e lançadores de morteiros até dirigíveis da marca Zeppelin, encarregados de lançar bombas sobre Liège.
NOTAS:
[1] ARARIPE, Luiz de Alencar. Primeira Guerra Mundial. In: MAGNOLI, Demétrio. História das Guerras. São Paulo: Ed. Contexto, 2013. p. 333.
Por Me. Cláudio Fernandes