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Batalha das Ardenas — a última ofensiva da Alemanha Nazista

A Batalha das Ardenas foi a última grande ofensiva organizada pela Alemanha nos conflitos travados durante a Segunda Guerra Mundial entre 1944 e 1945.

Tropas alemãs em marcha durante as primeiras horas da Batalha das Ardenas em dezembro de 1944
Tropas alemãs em marcha durante as primeiras horas da Batalha das Ardenas em dezembro de 1944
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A Batalha das Ardenas foi um confronto que aconteceu entre as forças da Alemanha Nazista e as tropas dos Aliados na região das Ardenas, na fronteira da França com a Alemanha e Bélgica entre dezembro de 1944 e janeiro de 1945. Essa batalha foi a última grande ofensiva organizada pela Alemanha Nazista durante a Segunda Guerra Mundial.

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Tópicos deste artigo

Contexto da Batalha das Ardenas

A Batalha das Ardenas aconteceu nos meses finais da Segunda Guerra Mundial, em uma altura em que a situação da Alemanha estava cada vez mais caótica. No fronte de batalha ocidental, os alemães estavam sendo pressionados pelos Aliados (sobretudo pelas forças americanas e britânicas, mas também apoiadas por tropas francesas, belgas e canadenses) desde o Dia D.

O Dia D foi como ficou conhecida a Operação Overlord, na qual os Aliados organizaram o desembarque de tropas na Normandia para iniciar a retomada da França. O Dia D, apesar das dificuldades, teve sucesso e resultou na conquista da Normandia pelos Aliados, que, aos poucos, foram avançando sobre o território francês e empurrando as tropas alemãs de volta para a sua nação.

No entanto, nessa altura (finais de 1944), as tropas aliadas encontravam dificuldades para penetrar e avançar sobre as fronteiras da Alemanha com a Bélgica, estando muito dispersas, o que enfraquecia suas forças. Além disso, encontravam dificuldades para fazer o envio dos suprimentos. Assim, nos meses finais de 1944, os alemães conseguiram alguns resultados positivos no campo de batalha, apesar do notório enfraquecimento da Alemanha.

No fronte oriental, a situação era mais complicada para os alemães. A União Soviética avançava rapidamente sobre as regiões até então conquistadas pelos alemães. A grande capacidade industrial da União Soviética e a grande disponibilidade de soldados contribuíam para os avanços soviéticos. Os alemães esperavam para breve a realização de uma ofensiva soviética na virada de 1944 para 1945.

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Tática alemã na Batalha das Ardenas

Tendo em vista esse contexto, era de vital importância para a Alemanha fazer a contenção dos Aliados no fronte ocidental para poder reforçar a luta contra os soviéticos no fronte oriental. Para isso, Hitler organizou uma ofensiva para as tropas alemãs no fronte oriental, na região da Floresta das Ardenas, localizada na fronteira entre Alemanha, Luxemburgo, Bélgica e França.

A estratégia pensada por Hitler nessa ofensiva recebeu o nome de Névoa de Outono (Herbstnebel), no entanto, para confundir a inteligência aliada, os alemães chamavam-na de Vigilância do Reno (Watch am Rhein). A ideia era passar a impressão de que se tratava de uma manobra defensiva, e não de uma ofensiva.

O plano central de Hitler era reproduzir em parte o que havia sido realizado durante a Batalha da França em 1940: realizar uma ofensiva visando a separar e encurralar diferentes forças aliadas de forma a forçar sua rendição para, em seguida, realizar rápidos avanços que levariam os alemães a ocupar Antuérpia e Bruxelas, na Bélgica.

O mote central dessa ofensiva era derrotar as forças canadenses do conflito e, a partir disso, colocar-se em uma posição favorável para forçar uma negociação com os Estados Unidos, nação responsável por grande parte do esforço de guerra na França em 1944. O otimismo de Hitler na preparação da ofensiva sobre as Ardenas não era compartilhado pela cúpula nazista.

O historiador Antony Beevor, por exemplo, traz evidências de que havia lideranças no exército nazista que consideravam a estratégia de Hitler utópica:

O marechal de campo Von Rundstedt, que estava perfeitamente preparado para lançar uma ofensiva limitada a fim de esmagar o saliente de Aachen, sabia que o objetivo da Antuérpia era totalmente irreal. Mesmo que o clima continuasse suficientemente ruim para as forças aliadas em terra, e mesmo que conseguissem tomar intactos os depósitos de combustível dos Aliados, os alemães simplesmente careciam de forças para manter o corredor|1|.

Leia também: Batalha de Berlim — confronto final do cenário de guerra europeu durante a Segunda Guerra Mundial

Desenrolar da Batalha das Ardenas

A ofensiva alemã nas Ardenas iniciou-se oficialmente às 5h30 do dia 16 de dezembro de 1944. Um dia antes, Hitler transportou-se para um bunker, de onde deu a ordem para o início da ofensiva. Ao todo, Hitler havia disponibilizado um total de 20 divisões com mais cinco posicionadas na reserva |2|, o que totalizava, aproximadamente, 300 mil soldados|3|.

A ofensiva iniciou-se com pesados ataques da artilharia alemã que fazia parte do 6º Exército Panzer da SS (divisão de blindados). A artilharia alemã atacou as posições aliadas com 1.900 peças de artilharia, atirando ao mesmo tempo durante aproximadamente 90 minutos. O ataque alemão desorientou os Aliados posicionados naquela região das Ardenas.

Esse ataque pegou os exércitos americanos desprevenidos para o combate, principalmente porque o comando americano não havia dado atenção aos informes da inteligência de que forças alemãs agrupavam-se nas Ardenas. Os americanos consideravam que as forças alemãs estavam praticamente liquidadas e não teriam capacidade para uma demonstração de força a partir de uma ofensiva.

Esse erro de ignorar os avisos da inteligência foi de Courtney Hudges, general do 1º Exército. O erro cometido por Hudges causou-lhe um surto de estresse. O início dos ataques alemães gerou uma série de boatos, que se espalharam e causaram pânico em diferentes regiões.

A dificuldade de obter informações precisas sobre os acontecimentos fez com que boatos espalhassem-se por Paris com as pessoas falando que o alvo dos alemães era a capital francesa (lembrando que o alvo dos alemães era Antuérpia e Bruxelas). Os boatos dos ataques alemães chegaram até a região francesa da Bretanha, levando a uma ordem de evacuação na região de Rennes.

A ofensiva dos alemães sobre as Ardenas teve um sucesso inicial, sobretudo porque as forças aliadas do local estavam enfraquecidas porque os americanos consideravam a região de difícil acesso e com poucas possibilidades de ser atacada. Os americanos cometeram o mesmo erro dos franceses em 1940.

O sucesso dos alemães nas Ardenas estendeu-se ainda por mais oito dias. A força do ataque alemão só se enfraqueceu a partir do dia 24 de dezembro de 1944, quando o clima melhorou, o que permitiu que as forças aliadas contassem com o apoio aéreo. O poderio aéreo dos americanos intensificou-se após um ataque frustrado da Luftwaffe (força aérea alemã) para destruir pistas de pouso dos Aliados.

A Batalha das Ardenas ficou conhecida por ter sido, segundo os relatos, uma das piores experiências de batalha durante a Segunda Guerra Mundial. As batalhas travadas em meio aos bosques das Ardenas causaram sofrimento agudo nos soldados americanos, pois não possuíam roupas adequadas para o rígido inverno que atingiu aquela região.

Esse quadro agravava-se porque os soldados não poderiam acender fogueiras, pois isso poderia atrair ataques da artilharia alemã. A única solução encontrada pelos americanos para resistir ao frio e proteger-se dos bombardeios era abrigar-se nas trincheiras. Beevor afirma que os casos de pé de trincheira foram comuns (gangrena do tecido do pé pelo contato permanente com frio e água) e muitos cadáveres eram encontrados congelados nos bosques.

Um dos conflitos mais intensos travados nas Ardenas ocorreu em Bastogne, cidade belga localizada em uma posição estratégica e onde convergiam estradas para sete direções diferentes. A conquista da cidade foi colocada como prioridade pelos alemães, que impuseram um cerco que só foi rompido por volta do dia 27 de dezembro de 1944.

Existe grande divergência entre os historiadores sobre a real importância dessa batalha e a real dimensão da força e da estratégia do ataque alemão. Alguns afirmam que se tratava de uma manobra desesperada de uma nação à beira do colapso, enquanto outros veem como uma demonstração de inteligência alemã, que, por detalhes, foi derrotada.

De qualquer maneira, as perdas para os alemães, derrotados oficialmente no dia 25 de janeiro de 1945, foram graves. A respeito disso, Antony Beevor coloca o seguinte:

A Ofensiva das Ardenas foi uma derrota considerável para os alemães. Eles perderam todos os tanques e canhões e tiveram muitíssimas baixas, com 12.652 mortos, 38.600 feridos e 30 mil desaparecidos em ação, dos quais a maior parte foi feita prisioneira. Na batalha de atrito, os americanos perderam 10.276 homens mortos, 47.493 feridos e 23.218 desaparecidos|4|.

Notas

|1| BEEVOR, Antony. A Segunda Guerra Mundial. Rio de Janeiro: Record, 2015, p. 729.
|2| Idem, p. 730.
|3| Hitler não jogou mal sua última carta. Para acessar, clique aqui.
|4| BEEVOR, Antony. A Segunda Guerra Mundial. Rio de Janeiro: Record, 2015, p. 746.


Por Daniel Neves
Graduado em História

Escritor do artigo
Escrito por: Daniel Neves Silva Formado em História pela Universidade Estadual de Goiás (UEG) e especialista em História e Narrativas Audiovisuais pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Atua como professor de História desde 2010.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SILVA, Daniel Neves. "Batalha das Ardenas — a última ofensiva da Alemanha Nazista"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/guerras/batalha-das-ardenas.htm. Acesso em 19 de março de 2024.

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