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A Guerra de Canudos

A fé e a miséria que circundaram esse lastimável confronto da Primeira República.
A fé e a miséria que circundaram esse lastimável confronto da Primeira República.
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No fim do século XIX, a proclamação da República em terras brasileiras não significou o alcance imediato das transformações que, teoricamente, seguiriam a mudança de nosso regime político. Ainda nessa época, o sertão nordestino era palco de terríveis contrastes de ordem social e econômica. De um lado, grandes famílias concentravam a propriedade das terras e disputavam o poder político entre si. Do outro, pobres sertanejos viviam uma grave situação de miséria e buscavam o alcance de uma vida melhor.

Nesse contexto marcado pela pobreza e a opressão, a crença religiosa operava como modo de se aliviar as tensões que atingiam a população menos favorecida. Contudo, os representantes religiosos oficiais nem sempre ocupavam esse lugar, tendo em vista que defendiam a ordem vigente controlada pela restrita população de proprietários. Foi daí que líderes religiosos populares, como Antônio Conselheiro, apareciam oferecendo um discurso e ações de alento mais próximas à demanda imediata daqueles sertanejos.

Mais do que um simples beato arrebatador da atenção dos sertanejos, Conselheiro não reconhecia o governo republicano como sendo capaz de estabelecer a resolução que há décadas assolavam a realidade nordestina. Foi desse modo que, nas margens do rio Vaza-Barris, ele decidiu agregar seus seguidores para a formação de uma comunidade que viveria de forma coletiva. Não reconhecendo os impostos, leis e restrições que o governo de pouca presença tinha entre seus membros.

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Bastaram apenas alguns anos da década de 1890 para que a comunidade de Conselheiro atraísse não só a atenção dos sertanejos, mas também das autoridades, proprietários e clérigos que entendiam aquela situação como uma grave afronta à República. Na verdade, apesar de devoto confesso da monarquia, Antonio Conselheiro não tinha por objetivo organizar uma rebelião que derrubasse o novo governo. Sua aspiração máxima era assentar-se na moral cristã, para então, formar uma comunidade igualitária.

Contudo, o sentido de ameaça logo se mostrou mais forte quando as tropas oficiais do Exército se organizaram a fim de destruírem a comunidade de Canudos. A primeira expedição, formada por uma centena de homens, e a segunda, ainda mais reforçada, com mais de quinhentos oficiais, foi logo derrotada pelos sertanejos que lá viviam. Chegada a notícia na capital do país, o governo federal articulou uma nova investida, composta por mais de 1200 soldados. Mais uma vez, em março de 1897, os sertanejos se sobressaíram.

Para que a agitação fosse contida, o Exército teve então que determinar uma formação militar ainda mais extensa, composta por um contingente superior a seis mil soldados. Além disso, o emprego de dezoito canhões determinava que o que se configurara até então como um conflito, se transformaria em uma verdadeira carnificina. Em 5 de outubro de 1897, a violência fora finalmente concretizada, quando ninguém mais sobrara vivo naquele lugar.


Por Rainer Sousa
Mestre em História
Escritor do artigo
Escrito por: Rainer Gonçalves Sousa Escritor oficial Brasil Escola

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SOUSA, Rainer Gonçalves. "A Guerra de Canudos"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/guerras/a-guerra-canudos.htm. Acesso em 19 de março de 2024.

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