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Segunda Guerra da Chechênia

A Segunda Guerra da Chechênia ocorreu em 1999, entre chechenos e russos, com ataques terroristas de ambos os lados, e foi fruto de uma disputa histórica.

Bandeira da Chechênia
A bandeira da Chechênia é um retângulo com lados na proporção 2:3, a mesma proporção da bandeira da Federação Russa.
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A Segunda Guerra da Chechênia aconteceu em 1999, primordialmente, mas teve atos e ações terroristas até o início da década de 2000. Com a vitória da Chechênia na Primeira Guerra, a Rússia saiu humilhada e revidou três anos depois, atacando regiões como o Daquestão e a capital chechena, Grósnia. Os chechenos também realizavam uma série de ofensivas e estavam em guerra interna desde o fim, em 1996, do confronto com os russos.

Bem como a Primeira Guerra da Chechênia, a Segunda foi bastante violenta de ambos os lados. Dessa vez, a Rússia saiu vitoriosa e instalou na região um governo que é seu aliado desde 2007.

Leia também: Questão da Crimeia — a disputa entre Rússia e Ucrânia por esse território

Tópicos deste artigo

Resumo sobre a Segunda Guerra da Chechênia

  • A Segunda Guerra da Chechênia foi uma consequência da Primeira, já que, mesmo com a vitória chechena, que colocou os russos em situação humilhante, os conflitos internos permaneceram.
  • Esses conflitos geraram diversos ataques terroristas de grupos que brigavam internamente, até que, em 1999, a Rússia decidiu intervir em um deles, no Daguestão, onde islâmicos tentavam impor um novo governo.
  • Assim como a Primeira, a Segunda foi bastante violenta e caracterizada, sobretudo, pelo terrorismo.
  • A Rússia, desta vez, venceu o conflito e passou a colocar governantes aliados na Chechênia, que, até hoje, não conseguiu sua independência e vive em um regime autoritário que executa crimes contra a humanidade.

Antecedentes da Segunda Guerra da Chechênia

Após os conflitos de 1994 a 1996, na Primeira Guerra da Chechênia, a Rússia foi derrotada e até humilhada. No entanto, revidou, três anos depois, na Segunda Guerra da Chechênia. Em 1999, o exército russo realizou a invasão do Daguestão, após radicais islâmicos tentarem implementar seu governo naquela região. Além disso, grupos terroristas se preparavam em outros pontos do país para lutarem, mais uma vez, contra o poderio russo.

Esses grupos tinham realizado, naquele mesmo ano (1999), atos terroristas como explosões de prédios russos e sequestro de um hospital. Mais de 300 pessoas morreram na primeira, e 120 foram raptadas na segunda ação. Assim, não só o Daguestão foi atacado mas também a capital chechena, Grósnia, com uso, inclusive, de bombas aéreas, que devastaram a cidade, a mando de Vladimir Putin. Nunca houve estabilidade na Chechênia, e tampouco os russos aceitaram sua derrota anterior.

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Como ocorreu a Segunda Guerra da Chechênia

Pode-se dizer que ambos os lados deram início à Segunda Guerra da Chechênia, pois se Putin orquestrava ofensivas aos separatistas chechenos, estes, por sua vez, além da problemática já relatada no Daguestão, realizavam vários atentados a Moscou, tendo até vítimas civis.

Quando a guerra realmente foi iniciada, a Rússia saiu à frente abafando focos rebeldes. Porém a Chechênia não ficou atrás e realizou contra-ataques, sendo um dos mais conhecidos a invasão do Teatro Russo, que deixou centenas de vítimas fatais.

Esse conflito bélico foi considerado um dos mais sanguinolentos, pois realizava atos de violência gratuita contra civis. Além disso, não respeitava nenhum dos Direitos Humanos e atingia até mesmo mulheres, crianças e idosos. Eram comuns também bombardeios em montanhas.

Leia também: Guerra da Bósnia — o maior conflito na Europa após a Segunda Guerra Mundial

Fim da Segunda Guerra da Chechênia

Desta vez, ao contrário da Primeira Guerra da Chechênia, a Rússia saiu vencedora. A capital Grósnia teve 90% de seus prédios destruídos. Foram cortados energia, transporte e saneamento do povo checheno no ano 2000. Grupos insurgentes ainda permaneceram, até serem completamente extintos, em 2009. No início do milênio, estimava-se que 4% da população chechena estava presa, exilada ou morta por causa desses conflitos.

A Rússia, então, passou a escolher os governantes para a região. O primeiro deles foi Akhmad Kadyrov, que havia lutado contra os russos na Primeira Guerra da Chechênia, mas que, depois, mudou de lado. Por conta disso, um ano depois de ter sido colocado no poder, foi assassinado.

Em seu lugar, foi nomeado seu filho, Ramzan Kadyrov, que governa desde 2007 e tem em seu histórico diversos crimes contra a humanidade, como assassinatos, torturas e desaparecimentos. É muçulmano, sunita, autoritário, perseguidor de mulheres e de pessoas LGBTQIA+, e aliado de Putin, presidente da Rússia.

Assim, mesmo com toda a luta entre os dois países no passado, hoje, são correligionários, até mesmo na recente Guerra da Ucrânia, já que Kadynov aceita propinas russas — tem diversas acusações de corrupção — em troca de apoio.|1| |2| |3| |4| |5|

Consequências da Segunda Guerra da Chechênia

Assim como em demais conflitos do Leste Europeu que se intensificaram após o fim da União Soviética, algumas das principais consequências da Segunda Guerra da Chechênia foram:

  • formação de uma massa de refugiados com a fuga de pessoas da região;
  • muitos mortos e feridos;
  • violações de Direitos Humanos;
  • aprofundamento das desigualdades;
  • crise econômica e política;
  • isolamento diplomático.

Os conflitos em todo o Leste Europeu só cessaram ou diminuíram após a entrada de países como Chipre, Malta, Polônia, Eslováquia, Eslovênia, República Tcheca, Hungria, Lituânia, Estônia e Letônia na União Europeia, em 2004. Para a Chechênia, entretanto, a independência não veio, pelo contrário: tem, desde então, um governo autoritário — passado de pai para filho — e aliado à Rússia.

Para se ter uma ideia, no mesmo ano em que os demais países celebravam a entrada na UE, chechenos separatistas realizavam atos pedindo a retirada das tropas russas de seu território. Um deles, o mais famoso, ocorreu em uma escola, em Beslan, onde fizeram mais de 1000 reféns.

A Chechênia, portanto, não tem sua independência reconhecida internacionalmente até hoje. Na década de 1990, durante as Primeira e Segunda Guerras, que mataram cerca de 80.000 pessoas, os Estados Unidos, o Paquistão e a Arábia Saudita chegaram a declarar apoio à autonomia chechena.

No caso dos sauditas, apoiaram (inclusive, com armas) os grupos separatistas e terroristas, o que gerou uma situação de ameaças internacionais russo-sauditas. O mesmo aconteceu quando, anos depois, a Geórgia também apoiou chechenos, e, mais uma vez, a Rússia interviu, e o confronto passou a ser russo-georgiano, o que, mais tarde, em 2008, desencadearia a guerra contra a Geórgia.

A grande questão é que a Rússia não abrirá mão do território do Cáucaso devido aos seus interesses econômicos, e, com o acirramento de conflitos separatistas, além do terrorismo — mais temido ainda depois do 11 de setembro —, a independência chechena, de maioria islâmica, passou a ser vista como insurreição terrorista, o que impede a comunidade internacional de se posicionar favorável e auxiliar na saída do domínio russo. Além, é claro, do governo corrupto e autoritário aliado a Putin desde 2007.

Exercícios resolvidos sobre a Segunda Guerra da Chechênia

Questão 01

(Uniesp) Os conflitos registrados no Leste Europeu ao longo da década de 1990 diminuíram no início do século XXI devido

A) ao ingresso dos ex-países socialistas na União Europeia.

B) à presença militar da Otan nas antigas economias socialistas.

C) ao fim do ódio religioso entre muçulmanos e cristãos na Bósnia.

D) à campanha em prol da paz difundida por organizações da sociedade civil.

E) à retirada das tropas ocidentais de Kosovo, após a condenação de Milosevic.

Resolução: letra B

Como vimos no tópico “Consequências da Guerra da Chechênia”, os países do Leste Europeu passaram a compor a União Europeia em 2004, cessando ou diminuindo os conflitos na região.

Questão 02

(PUCPR) O começo do século XXI revelou uma nova forma de terrorismo: globalizado, sem fronteiras e sob os holofotes da mídia. O mundo ficou estarrecido diante dos atentados de 11 de setembro de 2001 a importantes símbolos do poder político e econômico norte-americano. Nos três primeiros dias de setembro de 2004, no sul da Rússia, a pequena cidade de Beslan foi assolada pelo terrorismo. Uma escola local foi ocupada, em dia de festa, por terroristas que fizeram mais de 1000 reféns. A principal motivação do grupo armado que ocupou a escola de Beslan centrava-se na causa separatista que reivindicava:

A) a inclusão da Chechênia na Comunidade dos Estados Independentes, CEI.

B) a ajuda militar russa às tropas chechenas na defesa de suas fronteiras.

C) a ajuda humanitária do governo de Moscou às populações pobres das montanhas da Chechênia.

D) a anexação dos territórios vizinhos, como o Azerbaijão e a Geórgia, à Chechênia.

E) a saída das forças militares russas da Chechênia.

Resolução: letra E

Em 2004, foi nomeado o primeiro governo aliado à Rússia, de Akhmad Kadyrov, que depois foi assassinado — e substituído por seu filho, Ramzan Kadyrov — por grupos terroristas que, além desse crime, também realizaram outras ações, exigindo a retirada russa do território historicamente conflituoso.

Notas

|1| Entenda quem é Ramzan Kadyrov, o sanguinário líder checheno aliado de Putin (G1 Globo - Sandra Cohen). Disponível aqui.

|2| Ramzan Kadyrov: o 'cão de ataque' de Putin e a Ucrânia (The Guardian). Disponível aqui.

|3| How public ‘apologies’ are used against domestic abuse victims in Chechnya (Em livre tradução: “Como 'desculpas' públicas são usadas contra vítimas de abuso doméstico na Chechênia) (The Guardian). Disponível aqui.

|4| Snipers implacáveis e terror: quem é o líder checheno que se uniu a Putin. (Exame) Disponível aqui.

|5| Campos de concentração para LGBT: “O que há por trás dos campos de concentração de gays na Chechênia” e sobre corrupção de Kadyrov. (Super Interessante) Disponível aqui.


Por Mariana de Oliveira Lopes Barbosa
Professora de História 

Escritor do artigo
Escrito por: Mariana de Oliveira Lopes Barbosa Doutora em História Social pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) Graduada e Mestra em História pela Universidade Federal de Goiás (UFG)

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

BARBOSA, Mariana de Oliveira Lopes. "Segunda Guerra da Chechênia"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/guerras/ii-guerra-chechenia.htm. Acesso em 29 de março de 2024.

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